Camilo Cândido Botelho, ilustre romancista, vê-se atormentado pela escuridão que uma súbita cegueira lhe impõe e, desesperado, precipita-se no abismo do suicídio. Só que a morte não extingue a vida, e ele se depara com uma realidade ainda mais dolorosa do que a anterior. Surpreendido por um grupo de criaturas sinistras, vê-se em meio a outros suicidas, sofrendo as mais penosas agressões. A partir daí, é hora de procurar ajuda e encontrar o caminho da superação. A trama é uma adaptação do romance Memórias de um Suicida, eleito, em 2000, um dos dez livros espíritas mais importantes do século XX.
Nilson é um psiquiatra que vivencia uma regressão espontânea, em meio a suas sessões de atendimento. A partir daí, passa a se considerar Sigmund Freud reencarnado. A avaliação dos colegas de trabalho levam-no a ser internado no hospital onde trabalha. Mesmo como paciente, continua a diagnosticar os problemas dos que se tornaram seus colegas de internamento. A diferença é que ele passa a considerar também causas espirituais para a loucura. Em particular, Nilson dedica-se ao caso de Elisa, uma garota de 25 anos que surta no dia em que se graduava e passa a encarar seu pai como um inimigo mortal. Oito atores dão vida a trinta personagens, numa trama dinâmica e envolvente, que perpassa o drama e a comédia. A busca pelo rigor científico na abordagem não deixa de recorrer a uma poética singular e a uma boa dose do humor moleque da cultura cearense. Louco É Tu sugere um outro olhar sobre a mente humana, inspirado nos princípios espíritas.
Final do século XIX, interior de Minas Gerais, uma cidadezinha chamada Sacramento, um colégio de nome Allan Kardec, os remédios homeopáticos fabricados mediunicamente pelo professor Eurípedes Barsanulfo para ajudar os pobres doentes da região estão sumindo misteriosamente. A justiça do povoado não o ajuda, pois acredita que sua caridade não passa de charlatanismo. Para resolver o problema ninguém a não ser uma das alunas mais problemáticas da escola, Mônica, que entre resmungos e petulâncias, vai teimar em seguir cada caco de pista espalhado pelos habitantes do colégio até chegar nos remédios, quer dizer, na verdade.
No palco, a Gênese. Do Big Bang ao surgimento do homem, a evolução do Universo, intensa e dinâmica, reconstruída através de efeitos de luz, som e expressão corporal que reproduzem o desenvolvimento da vida na Terra. A busca por compreender a marcha do Cosmos suscita o debate entre duas figuras enigmáticas. De um lado, um materialista convicto de suas idéias argumenta vigorosamente contra qualquer conceito relacionado a divindade. Do outro, um ser enigmático, oculto por trás de sua máscara, disposto, acima de tudo, a questionar e desconstruir idéias cristalizadas. Em meio ao debate, lembranças de dor, paisagens sofridas e as motivações mais profundas do homem vêm à tona, conduzindo o conflito a rumos absolutamente inesperados. O espetáculo extrapola os limites do lugar comum e se concebe na sobreposição de elementos dramáticos diversos, que compõem um todo harmônico e envolvente para o espectador. Uma peça para mexer com seus conceitos.
